Brasileiros do xadrez encontram dificuldades na Universíade
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Paulo Roberto Conde
Publicada em 12/08/2011 às 08:00
Enviado especial a Shenzhen (CHN)
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O xadrez não costuma fazer parte da lista de esportes em megaeventos, mas ganhou uma chance de aparecer na Universíade de Shenzhen (CHN). E a delegação brasileira, que conta com quatro representantes na competição, tem encontrado muitos outros desafios além de evitar um xeque-mate.
O primeiro e mais preocupante deles, ao chegar na China, foi encontrar um "local" para treinar. Diferentemente das demais modalidades, que fazem suas práticas em ginásios, estádios e salões, o enxadristas costumam se exercitar na internet. O melhor treino possível é jogar partidas, e há sites especializados que oferecem rivais de peso a qualquer hora (um deles é o www.chessclub.com).
Mas, como no território chinês há restrição para vários sites da rede mundial, os brasileiros tiveram de rezar e até improvisar. No fim, a conexão deu certo para todos.
- Depois que descobri que era possível acessar o site, fiquei aliviada - afirmou Vivian Heinrichs, de 22 anos, uma das enxadristas do time nacional.
Jeferson Oliveira, de 23 anos, ficou preocupado de início, mas se resignou. Além do fato de cursar Ciência da Computação ter ajudado a resolver o problema, ele contou que sabe se virar sem programas online.
- Não largo um bom livro para me preparar para um torneio. Sempre há o que aprender - afirmou Oliveira.
Vivian, Oliveira e Ana Vitória Rothebarth, de 19 anos e uma das revelações do xadrez brasileiro, vão disputar os torneios individual e por equipe a partir de domingo. O trio se diz satisfeito em poder disputar uma Universíade, mas alerta para o segundo dos desafios que surgem: driblar a falta de estrutura para competir com potências como Rússia, China, Ucrânia e Mongólia.
Todo o contingente brazuca é amador - existe uma Confederação Brasileira (CBX), que rege a modalidade. E, como não foge à regra, conseguir patrocínios e investimento é tarefa árdua.
Oliveira faz estágio e chega a Universíade após um tempo afastado de competições. Vivian não trabalha e representa a cidade de Pindamonhangaba em torneio, mas o que recebe não dá para investir.
Já Ana Vitória, que mora em Cuiabá (MT), se queixa da falta de oportunidades por morar fora do eixo Rio-SP.
- Moro no Centro Oeste, e não consigo apoio. E os torneios grandes são todos no Sul e Sudeste. Sempre tenho de viajar, me hospedar, e isso custa. O dinheiro que ganho em um ano, gasto em poucos meses - disse.
O que envolve o xadrez em Shenzhen-2011
Como é jogada a Universíade?
É disputada no chamado sistema suíço. Exemplo: conforme vai avançando, o competidor enfrenta outro adversário vitorioso na rodada anterior, mais forte ou mais fraco a julgar por um pré-ranqueamento. Ao todo, são nove rodadas, e o campeão é determinado pelo acúmulo de pontos. Derrota não dá ponto; empate vale 0,5 ponto; e vitória vale um ponto.
Quanto tempo dura uma partida?
Depende do confronto. Há jogos que duram três movimentos e outros que chegam a quatro horas.
O método mais comum de finalizar um jogo é o xeque-mate?
Não. Em torneios de alto nível, o que ocorre com maior frequência é o abandono. Quando um oponente pressente que será derrotado e levará o xeque-mate, deixa a partida.
Enxadrista precisa de preparação física?
Sim. Na modalidade, vale a máxima "mente sã, corpo são". Estar preparado fisicamente significa prevenir dores na nuca e na coluna. Ter uma alimentação regrada também é importante. A brasileira Vivian Heinrishs conta que uma alimentação carregada, para um enxadrista, pode gerar dores de cabeça.
Existe intimidação?
Sim, e muita. Segundo Renato Gino, técnico da equipe brasileira em Shenzhen, catimba psicológica é o que mais existe.
Modalidade tem Olimpíada própria
O xadrez não faz parte do programa dos Jogos Olímpicos. Mas nem por isso se considera marginalizado. A Federação Internacional (Fide) promove a cada dois anos uma Olimpíada própria, sempre em anos pares. A próxima, no ano que vem, será realizada em Istambul, na Turquia. As duas brasileiras que competirão na Universíade, Vivian Heinrichs e Ana Vitória Rothebarth, brigam por vaga para o evento. No naipe feminina, cinco brasileiras terão direito a representar o país. Elas serão definidas por meio de um circuito que serve como seletiva e já teve quatro etapas realizadas - ainda faltam seis. Por enquanto, Ana Vitória é a sétima no ranking e Vivian, a oitava.
* O editor viaja a convite da Confederação Brasileira de Desporto Universitáio (CBDU)
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